6.2.09

A epopeia dos impostos

Agora que tenho o meu cpr-number, que basicamente me identifica como residente na Dinamarca, comecei finalmente a tratar de coisas mundanas como impostos. A nossa rica bolsa da FCT é, em Portugal, isenta de impostos mas, na Dinamarca, as regras são diferentes.

Ou se calhar não.

Bem, começando com a confusão. Antes de chegar à Dinamarca, vinha informado que, qualquer pessoa que resida na Dinamarca mais de seis meses está sujeita a pagar imposto sobre o rendimento, qualquer que seja a sua origem. Eu estava preparado para pagar o dito imposto ao abrigo do regime de investigadores estrangeiros, que me levaria 25% do ordenado. Nada mau, considerando que geralmente, os impostos aqui podem ir até coisa de 60%.

Depois, pensei: "calma lá, se a minha bolsa é livre de impostos em Portugal, porque raio hei-de pagar eu impostos na Dinamarca?" - Resolvi então escrever ao SKAT, o departamento de impostos cá do sítio, sobre a minha situação. Um mail bem composto em inglês e tal, expondo o tipo e a duração da bolsa, etc.

Hoje, recebi uma resposta... em dinamarquês. Após pedir ajuda com a tradução, fiquei a saber que não podia pedir o regime de 25% porque o meu salário não era pago por uma instituição dinamarquesa. Fiquei a saber também que o jovem que me respondeu achava (sem ter grande certeza) que eu teria que pagar impostos a sério. Mencionou ainda algo sobre um artigo 20.

Bem, digamos que fiquei estarrecido. Pagar algo mais que 25% de imposto sobre a bolsa faria a minha vida na Dinamarca totalmente miserável. Continuei a pesquisar sobre o dito artigo 20 da lei dos impostos - e o subsequente artigo 21. Consta então que pessoas provenientes de um país estrangeiro que não residam durante mais de 3 anos (eventualmente extensíveis a 5) e que desempenhem funções de professor, investigador ou aluno - não estão sujeitos a taxação se o seu ordenado vier do estrangeiro. Chamam-lhe a "professor rule".

Fiquei mais descansado. O meu orientador entretanto ligou para o serviço de impostos de onde vieram mais informações contraditórias; seguiu-se uma chamada para o secretariado internacional, onde me pediram para reenviar o e-mail que havia enviado para o serviço de impostos para que eles me possam ajudar. É que, pelos vistos, o meu caso não é o primeiro, e todos os anos o SKAT tenta gamar algum dinheirinho aos estudantes estrangeiros que se perdem por entre a burocracia...

Que o diga a minha colega francesa que, no primeiro ano, devido a um pequeno erro ao preencher o formulário de impostos, levou uma machadada de 50% na já parca bolsa de mestrado.

E a saga continua... não perca o próximo episódio porque nós também não!

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